Estava eu remexendo nos meus arquivos quando me deparei com um texto que escrevi para o Kurotel anos atrás! Era sobre palestra que o neurocientista António Damásio fez em Porto Alegre em 2013 no Fronteiras do Pensamento, onde falou sobre o papel dos sentimentos na vida humana.
Naquela noite, Damásio apresentara o conceito de homeostasia, uma espécie de programa biológico que regula e equilibra a vida e que está intimamente ligado à origem das emoções e como elas afetam o corpo. Explicou o neurocientista que essa tal homeostasia não está ligada ao cérebro, mas à fisiologia, sendo implementada por programas de ação que ele denomina ilusão.
E o que seria uma ilusão?
Para Damásio, ilusão é o conjunto de ações que uma determinada emoção gera em nós, em nosso organismo. Pegue o medo, por exemplo. Disse o neurocientista que esta emoção age direta e fisiologicamente no coração e no nosso comportamento, ativando ações como congelar, correr ou produzir tensão. E é exatamente este conjunto de ações gerados no corpo por uma determinada emoção é a ilusão.
A ela, disse Damásio, segue-se um sentimento, que é uma percepção que ocorre na mente em relação ao que está acontecendo em nosso próprio corpo. A mente percebe o corpo e gera a ilusão. Assim sendo, como os sentimentos forçam a atenção para aquilo que os causa, eles acabam sendo sentinelas e motivadores de nossas vidas, abrindo ‘caminho para a aprendizagem, a imaginação, a memória, a tomada de decisão’, nas palavras do neurocientista.
– Qual o primeiro dos sistemas sensoriais que temos à nossa disposição? O sistema principal e primeiro é o que olha para o nosso corpo. Nada faz sentido em tato, audição ou visão se não houver uma maneira de sentir o próprio corpo. Se não sentimos nosso corpo, não somos coisa nenhuma – explicou Damásio.
Pois isso tudo me fez pensar nos cursos de Mindfulness que fiz no Instituto Pacífico no início do ano. E uma prática contemplativa do corpo que tornei diária esse ano. Observar o que sentimos no corpo. Escutá-lo. ‘Se não sentimos nosso corpo, não somos coisa nenhuma’, como disse Damásio. Verdade. Agora eu compreendo na prática o poder disso.
Aliás, como é lindo esse movimento de convergência entre doutores da ciência & mestres da consciência, que nos mostra o quanto a percepção do que ocorre no próprio corpo, dá o tom das nossas narrativas internas, do nosso estilo de viver, e do nosso agir e comportamento de cada dia. E com isso, no final das contas, está conectado à nossa consciência.
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