Querida Lila,
Estou com um problemão! Contratei uma amiga pra fazer o projeto de renovação da sala da minha casa. Acertamos um valor e, como conheço o trabalho dela, nem pechinchei. Paguei o que ela pediu. Combinamos uma data para entrega. Já se passaram cinco meses e até agora, nada. Estou muito frustrada, pois há anos sonho com essa reforma! E meu marido não para de me perguntar quando, afinal, teremos a sala a nova. Até entendo ele porque, na época, trocamos uma viagem por essa reforma. Estou cansada de ouvir as mesmas justificativas, sempre as mesmas, mas nenhuma solução. Às vezes sinto vontade de chorar; outras, de encher minha amiga de lixo. Quando me encho de coragem pra fazer isso, lembro da nossa amizade, e desisto. Essa situação está tirando a minha paz e o meu sono, pois estou muito indignada coma situação. E meu marido, furioso com “essa palhaçada” (palavras dele), não para de me cobrar uma solução: reforma já ou nosso dinheiro de volta. Como eu resolvo essa situação?
Exaurida pelas Mesmas Justificativas
Querida EPMJ,
Pra começar essa conversa, vamos deixar claro uma coisa: quem gera o problema é que tem que arrumar a solução para ele. Não outra pessoa. Ou seja, não é você quem deveria estar preocupada, perdendo sono e correndo pra resolver essa situação.
Dia desses, lendo o blog do escritor norte-americano Steven Pressfield, me deparei com um texto que vai me ajudar a ilustrar exatamente o que quero dizer. Contava ele a história do gerente comercial de um jornal do interior dos Estados Unidos, que havia convencido o gerente de uma nova rede de supermercados que chegava na cidade que o seu veículo era a melhor opção pra comunicar a inauguração do mesmo. Eis que no domingo da inauguração, o gerente abre o jornal enquanto degusta seu café da manhã e… Onde está anuncio? Não havia nada!
Desesperado com a falha com o novo cliente, ele se jogou pro jornal e lá chegando procurou o pedido de anúncio. Assim que colocou os olhos naquele pedaço de papel (ainda era assim, na época), descobriu que ele mesmo havia cometido um terrível engano: programara o anúncio para o domingo seguinte.
Voltou ele pra casa lamentando? Ignorou o erro? Fugiu do cliente? Inventou desculpas?
Nada!
Correu até a casa do gerente do supermercado em pleno domingo, explicou tudo o que havia acontecido e, junto com as explicações e desculpas, já apresentou uma solução para o problema. No caso aqui, n]ao a veiculação de um único anúncio, mas de toda uma campanha que seria veiculada durante vários dias pelo jornal, sem custo extra ao anunciante.
Essa atitude não só manteria seu emprego, como lhe garantiria uma promoção no futuro, mas também estabeleceu um forte parceria com o cliente. Para o gerente do supermercado, a atitude do gerente comercial fez toda a diferença porque mostrava que ele agia como um parceiro de fato age: SE IMPORTANDO COM O SEU CLIENTE E FAZENDO O QUE DEVE E É CERTO SER FEITO. Que ele se importava de fato com quem estava do outro lado e mostrava respeito ao acordo firmado, buscando honrá-lo da melhor forma possível diante de um problema gerado por ele mesmo.
Veja como a atitude do gerente comercial do jornal é um exemplo do que eu lhe disse: quem cria o problema é que deve se empenhar em arrumar uma solução. Digamos que ela esteja envergonhada com a situação e com o que lhe causou. Apresentar justificativas e não resolver a situação só piora a situação. Para vocês duas. Afinal, ela fica mais envergonhada. E você, mais frustrada.
O fato é que sua amiga deveria ter lhe apresentado alguma solução. E como ela não fez isso, ao não se posicionar e exigir seu dinheiro de volta pelo descumprimento do combinado, por exemplo, você também compactuou com essa falta de atitude que só foi aumentando o problema. Veja você como a falta de atitude já é uma atitude, ainda que bastante equivocada, que causa enorme desgaste energético. Ela não só aumentou sua frustração, mas também tirou sua paz de espírito, estremeceu a amizade de vocês e vem roubando energia do lugar onde ela deve estar: o que lhe faz bem e retroalimenta sua alma, seu espírito, seu poder pessoal!
Então, a fim de acabar com esse ‘gato’, esse desvio de energia no seu cotidiano, que tal assumir seu protagonismo e tomar a iniciativa? Alguém precisa tomar uma atitude e resolver esse impasse, certo? Pra que não piore ainda mais a situação. Então, que seja você! Você pode, por exemplo, propor a dissolução do contrato, mediante a devolução do dinheiro, para que você busque outro profissional pra fazer a reforma da sua sala. Ou estipular um último prazo que que seja confortável pra ambas e que, se não for cumprido, acarretará na devolução do valor já pago.
Enfim, o importante é que você procure sua amiga já com alternativas pra resolver a situação de uma vez por todas. Esse comprometimento com essa decisão sua já é um bom indício de sucesso.
Que assim seja!

Foto abertura: Malte Wingen/Unsplash