Se.
Eis aí uma partícula tão pequenina e que carrega um poder fascinante em qualquer latitude do planeta. E não falo aqui do seu uso condicional. Até porque, nunca gostei dele e recuso essa sua utilização vinculada a um pretérito sem futuro – o tal ‘se eu tivesse (ou não) feito isso, teria (ou não) acontecido aquilo’. Essa dependência tão cheia de restrição quase sempre carrega mais arrependimento do que gratidão e aceitação. Não é?
Eu adoro o poder do SE quando, unido a verbos, ele deixa de ser partícula condicional, tornando-se parte integrante de uma ação. Da atitude praticada pelo sujeito. Especialmente, quando trata-se de si mesmo. Três exemplos que carregam esse poder me ocorrem agora. São eles:
Despir-se
Vulnerabilizar-se
Permitir-se
Despir-se de pré-conceitos, expectativas, armaduras, amarras, medos, mentiras, ilusões, controle. Do ontem e da meta de amanhã. Deixar ir o que já passou, aconteceu, caducou, estagnou, morreu.
Despido, vulnerabilizar-se. Reconhecer e mostrar aos outros o tao da nossa essência. Luz e sombra. Força e fraqueza. Potência e deficiência. E assim, só assim, amar de fato com todo o coração. A existência nossa e a do outro. Sem condicionar coisa qualquer, e respeitando as diferenças.
E então, permitir-se. Abrir a porta para as infinitas possibilidades com que a vida nos presenteia e aceitá-las na embalagem que vem. Acolher e celebrar. Receber e dar. Afeto, amor, abundância, alegria e também a tristeza, quando essa acontece, pois ela tem o seu propósito de nos fortalecer e amadurecer.
Não tenho dúvidas de que o mundo se tornará um lugar muito mais pleno de amor, respeito, equilíbrio e paz quando conjugarmos, em nossos dias e micro universos, com a mesma frequência com que evitamos nos desnudar e julgamos, estes verbos aí potencializados pela partícula se.
Acabo de perceber que escrevi um se condicional que me agrada. Desse aí eu gosto, sim! Afinal, implica atitude que pode ser praticada pelo sujeito – eu, tu, ele, todos nós em qualquer lugar, estejamos onde estivermos. Algo do tipo: muda você, muda o mundo, e o planeta e sua humanidade agradecem. Simples e possível assim.
Escrito em algum momento de 2015