“A certeza é fatal. O que me encanta é a incerteza. A neblina torna as coisas maravilhosas.”
Era um dia encoberto por gelada neblina, típico de um inverno em Gramado, quando ouvi essa citação de Oscar Wilde. E por alguma razão, ela colou em mim. Porque eu jamais curti esse universo fog-névoa-neblina. Mas essa frase, uau… Me impactou muito e me fez refletir…
Como é possível, sim, se encantar com a incerteza! Ainda mais em tempos de desafiante mudança, com o planeta em profunda transformação, instigando novos olhares, novas percepções, novas visões de mundo e da gente mesmo! E isso me fez, pela primeira vez na vida, olhar de uma maneira diferente pra famosa cerração. Não mais como algo que atrapalha, confunde, impede o movimento. Mas como uma linda, misteriosa e sedutora possibilidade que nos abraça e envolve com seus encantos e mistérios, sem nos deixar saber o que ela esconde.
Fascinada, compartilhei, então, com amigos essa concepção.
E eis que o Guilherme Salviano, meu querido amigo que além de astrólogo é também poeta genial, me presenteou com a bela poesia abaixo! Pra aquecer corpo, alma e coração em dia gélido de névoa encobrindo os morros do sul.
Neblina
A neblina é uma espera
De tempo que vem ou que era
Atravesso seus contornos, até que encontro o Sol
Chego a ele conduzido por canto de rouxinol
Neblina bem encantada nos invernos das hortênsias
Mesmo em amor imaginário, sem vírgula ou reticências
Tem contornos que eu abraço desenhado sobre mim
Fico nele, com ela, aquecido sem querer da vida um fim
Escrevo para as Neblinas como em vapor de espelho
Igual marcas de beijo de Fada por algum batom vermelho.
Ou desenho de menina que adora uma Aquarela
Que me puxa pelas mãos, sorridente e tagarela.
Tudo isso vivo nela, depois que adentro Neblina
Que apaixona de tão leve e se torna minha sina
Até sei onde encontro menina travessa enfeitada de ar
E até sonho tanto e pra sempre, com ela, poder brincar
*))
Gui, 25-06-2012