Chegamos ao drop 4/9 da história da Babi! Sigo compartilhando aqui com vocês trechos de Num Sofá de Bolinhas – Amor & Terapia a cada nova sexta-feira. Boa leitura e bom final de semana!
SACODE A POEIRA
Passa pouco das seis da tarde quando Fer chega. Assim que abro a porta, me abraço a ela e irrompo em um choro doído. Magoado. Triste. Minha amiga me consola até eu acalmar um pouco. Então, caminhamos até o sofá, onde afundo, enquanto conto a ela tudo tudo tudo, sem deixar para trás qualquer detalhe. Quando concluo, minha amiga pondera com sua habitual franqueza:
– Adoraria poder te dizer algo diferente ou original, Babi, mas não tem como. Amiga, quantas e quantas vezes eu disse para tu pular fora? Que ele não ia separar? Que só tu irias sair machucada?
Fungando, enquanto levo as mãos aos olhos para enxugar minhas lágrimas, balbucio:
– Eu sei, mas isso não impede a dor que sinto…
– O Rô jamais sinalizou que estivesse mal com o casamento, Babi. E a gente sabe tudo que ele batalhou pra chegar onde está. E que a Carolina teve um papel muito importante para isso. Por um tempo, ela chegou a bancar o Rô. Lembras disso?
– Eu sei, Fer – sussurro pesarosa, lamentando e me culpando outra vez outra vez por não ter sido eu a estar ao lado dele.
– E mesmo que seja uma mentira, Babi, o que acreditamos e supomos depois de tudo que ele te disse, ele NUNCA se mostrou incomodado com essa situação. Isso sem falar na função toda que foi a gravidez e o nascimento das gêmeas…
Suspiro longamente, derrotada, enquanto ouço Fer.
– Os meses todos que ele cuidou da Carolina durante a gestação, Babi, quando ela se viu obrigada a ficar em repouso absoluto para não perder os bebês. Acho que tu não lembras das crônicas que ele fazia sobre isso, pois vocês não se falavam nessa época…
– Lembro, sim – interrompo minha amiga. – Ele me enviou uma cópia autografada do livro que reunia todas elas. Ainda tenho guardada ali – digo, movendo a cabeça na direção da estante de livros que recobre boa parte de uma das paredes do loft.
Maria Fernanda me analisa demoradamente, antes de voltar a falar.
– Na boa, amiga, isso é uma história que vai prender o Rô para sempre. Ele jamais vai deixar a Carolina. Isso sem falar no choque que foi a morte súbita de uma das meninas logo depois do parto…
– Ela tinha dois meses, lembro bem – corrijo.
Trocando a ternura por firmeza, Fer me interrompe, exasperada.
– Indiferente, Babi! O ponto é: tu estás sobrando nessa história! Os laços deles são muito fortes e o Rô nunca vai romper com eles. Por que ele não quer, tu entendes? Tudo bem, entendo tua confusão… Porque até ontem, ele te dizia uma coisa; mas agia de forma totalmente diferente. De verdade? Só não estou com mais nojo dele, porque agora o Rô tomou uma atitude coerente. Honesta.
Meus lábios tremem e caio no choro outra vez. Nunca imaginei que pudesse doer assim. Ainda que não seja a primeira vez que levei um fora na vida, desta vez é tudo tão diferente…
Maria Fernanda levanta do sofá e caminha em direção à cozinha. Para em frente à lousa negra que recobre a parede logo acima do fogão e da pia, pega um giz amarelo e escreve:
Levanta, sacode a poeira e segue!
Coloca vida na tua vida, Babi!!
Então, gira o corpo em minha direção e me alerta:
– Acaba com esse drama na tua vida, Babi. Parte para outra. Eu nunca te vi sofrer tanto assim, amiga. E olha que já vivemos alguma dor de cotovelo juntas, né?
Eu sei que Fer está coberta de razão, como sempre. E que a melhor coisa que posso fazer é virar essa página. Literalmente. Mas a culpa pelo que perdi me consome e faz doer tanto… Antes que eu me consuma mais, ouço minha amiga verbalizar a pergunta que não cala dentro de mim:
– Por que só agora isso tudo pelo Rô, Babi?
– Eis aí algo que eu também me pergunto…
A resposta é um murmúrio balbuciado, porque sou interrompida e consumida, outra vez, pelo pranto. Como chegamos a esse ponto? Como eu deixei isso acontecer?
Absorta nas memórias que me invadem e me levam ao ponto em que tudo começou, suspiro desolada, em um misto de tristeza e culpa.
ATUALIZAÇÃO DA BABI!
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