– Comigo tudo bem – respondeu Edu, contradizendo a aparência derrotada – E com você?
– Eu estou ótima! Não podia estar melhor – disse uma animada Aline – Ia mesmo ligar para você. Olha a coincidência – suspirou, afetada – Lembra daquele seu ex-colega de faculdade, o Ribeiro?
Apertou os olhos até que sua mente alcoolizada localizasse nos seus arquivos a imagem do mauricinho engomado.
– Yep – acena afirmativamente.
– Pois então, vamos casar no mês que vem!
Eduardo ficou pasmo.
Sua ex e o banana do Ribeiro? Sério?
Hum… Pensando bem, até que os dois combinavam. Eram frescos e metidos, perfeitos um para o outro, avaliou.
– Parabéns, Aline! – disse, com franqueza – Felicidades a vocês.
Pra minha alegria, bem longe de mim.
– Pois é, estamos bem felizes mesmo. Até porque – continuou, empolgada. – Vamos mudar logo após o casamento. Pra Charlotte, na Carolina do Norte. Lembra como eu gostei de lá?
Eduardo acena que sim.
– Pois o Ribeiro foi contratado por uma multinacional poderosíssima e vai trabalhar na América – contou toda exibida, gesticulando e ostentando o exagerado anel de brilhantes em sua mão.
Como eu agüentei isso, ponderava Eduardo, olhando para a ex-esposa.
Mas então, palavrinhas quase mágicas lhe arrancaram de seus pensamentos e torpor alcoólico.
– Sabe, Edu, o Ribeiro até pensou em sugerir seu nome como substituto dele para a direção da empresa que ele atua. Mas achou que ficaria estranho, já que somos separados e tal. Além disso, fica em Limeira… Acho que você não ia curtir, né?
Limeira?!
Ela disse Limeira?!
A cidade para a qual Letícia estava sendo transferida. Era muita coincidência!
– Aline, me explica melhor isso – pediu empolgado, puxando sua ex pelo braço, para que ela sentasse ao seu lado.
– Então, eles ainda estão procurando alguém…
E então, Aline começa a despejar tudo, tudo, tudo o que sabe, enquanto E
Eduardo escuta com atenção, sorrindo animado pelo álcool e pela ajudinha que a vida parecia lhe dar.
Seis meses depois…
É… O mundo dá muitas voltas, mesmo.
Graças à ex-mulher e seu novo marido, Eduardo e Letícia puderam realizar seu maior desejo: dividir o mesmo teto, a mesma cama, a mesma pia para suas escovas de dentes. Viver lado a lado em tempo integral.
Com a mesma rapidez com que começara a namorar, ele e Letícia mudaram-se para o interior paulista. E pouco tempo depois, reuniram as famílias e os amigos mais íntimos, entre os quais uma grata e exultante Dona Claudina, para celebrar sua união em uma emocionante cerimônia de casamento.
Naquele momento, o engenheiro entendeu que o investimento feito ao sair sem nada do casamento, deixando tudo para a mulher, fora o melhor. E talvez até mesmo uma obra do destino, a quem ele agora agradecia.
Por isso, ele não temia mais romper com qualquer conforto desconfortável em sua vida.
Porque entendia que pra mudar, basta estar vivo.
E que pra estar vivo, é imprescindível mudar.
Essa história, escrita lá em 2004, estava guardada numa pasta. Dei uma atualizada e resolvi compartilhar aqui com vocês pra brincar com a ideia da mudança. E pra te convidar reescrever o final dela. Como você faria? Conta aí pra mim!
Imagem: Ben Rosett/Unplash
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