Eduardo suspirou aliviado, quando fechou a porta de sua casa, naquela tarde quente de início de verão na Califórnia.
Um peso fora tirado de suas costas.
Finalmente, ele colocara fim ao relacionamento que mantinha sua alma aprisionada nos últimos tempos. Assinara o divórcio e saía de casa, em definitivo.
Como pode um casamento mudar tanto em uma década?
A parceria dos primeiros anos foi dando lugar a caretas e impertinências, conforme o tempo ia passando e o salário e a posição social dele na comunidade paulista crescendo. As rodadas de pizza, as feijoadas de sábado e até as viagens exóticas para lugares empoeirados, sempre tão divertidas nos primórdios da relação, eram motivo para constantes brigas, discussões e cara feia.
Para Aline, a ex de Eduardo, tais atividades não combinavam com o status quo adquirido, principalmente após a transferência para os Estados Unidos.
O engenheiro deixava o casamento com uma mão na frente e outra atrás, como se diz por aí. Porém, livre e aliviado, por ter seguido o que sua alma já há algum tempo pedia.
Por que o ser humano tem tanta dificuldade diante da incerteza das mudanças, mesmo sabendo que tudo ao nosso redor já mudou?
Mesmo tendo consciência de que o que ainda existe é conforto super desconfortável?
E um viver que limita, sufoca? E que faz com que muitas coisas já não façam mais sentido?
Porque até mesmo nestas condições é tão difícil lidar com mudanças?
A resposta Eduardo conhecia. Na teoria e na prática.
Nós humanos somos seres que buscam segurança na rotina do conhecido.
Desde sempre é assim. É da natureza humana.
Mas disposto que estava a romper com aquele passado de acomodação, e dar a si mesmo e à sua vida um novo começo, Eduardo não titubeara ao abraçar a mudança. E se jogar nela!
Foi isso que o fez aceitar sem pestanejar ou pensar duas vezes a oferta que a companhia onde trabalhava lhe fizera meses antes.
Agora, depois de cinco anos nos Estados Unidos, ele se preparava para voltar ao Brasil. Em cinco dias, partiria para Porto Alegre, a capital do Rio Grande do Sul, para comandar a filial que a empresa tinha por lá.
Para ele. era um lugar para recomeçar.
Sem as cobranças e constante falta de respeito pelo jeitão dele de ser. Por sua natureza.
E assim, antes que o verão inciasse no Hemisfério Sul, o engenheiro paulistano estava instalado e adaptado à vida na capital gaúcha.
Continua na próxima quinta-feira.
Imagem: Brenda Godinez/Unplash
Ah, essa história, escrita lá em 2004, estava guardada numa pasta. Dei uma atualizada e resolvi compartilhar aqui com vocês pra brincar com a ideia da mudança. Com as possibilidades que a vida sempre nos apresenta pra escolher. 😉
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